Portão lilás

O lilás conforta nossas lembranças

Ali fomos felizes

sabíamos disso

O farto quintal acolheu tantas festas,

tantas gargalhadas, tantos silêncios

Seu verde acalmou tantos pulsos, aliviou tantas lágrimas

Seus infinitos tons nos livrou de tantos tédios, de tantas telas

Sua colorida horta temperou paladares

O sol matinal, acompanhado com seu aroma serenar, acalentou muitos frios

Já a brisa noturna, aquela típica de Lumiar,

geladinha de arrepiar e de fechar os olhos lentamente,

abria o céu e nos apresentava um espetáculo

Ali não existia silêncio com tantos cantos em volta

cada som vibrava, preenchia o vazio

O entardecer… Ah! Aquele entardecer que

escondia as montanhas, mostrando apenas suas curvas,

e que trazia a lua sem pressa,

resplandecendo o olhar

Tudo alimenta minha essência

Cada despedida cortava-me toda

Minha voz falhava sempre que dizia “tchau, portão lilás!”

porque sabia que o voltar seria demorado

Ali é meu lugar

sempre será nosso cantinho

Deixamos um pouco da gente ali.

[tem lugares que jamais saem de nós]