Por detrás das escritas

Não tenho um sobrenome diferentão

Nem parentes importantes

Muito menos uma história incomum

mas tenho o meu olhar

o olhar que vim ao mundo

Não preciso ser o sol ou a lua

posso ser uma estrelinha na constelação

uma estrelinha qualquer

Alguns olhares vão brilhar

já outros, não me enxergarão

e isso é libertador!

Minhas escritas são como estações do ano, cada hora de uma cor. Meus sentimentos são como as fases da lua, cada fase de uma forma. E minha motivação é como uma flor, ela está sempre murchando, mas sempre volta renovada.

​Olá! Sou publicitária, pós graduada em Antropologia Brasileira, com especialização em marketing digital e redação. Mas esta é a minha formação, onde habita a “Luísa” trabalhadora.

Mas existem outras “Luísas” que convivo. Esta que escreve aqui é uma eterna estudante da escrita, da literatura e das artes. Fiz diversos cursos de escrita criativa para me aprimorar e libertar o "eu escritora". Para acúmulo de repertório, estou sempre lendo autores clássicos e os contemporâneos - a leitura é uma grande escola.

​Escrevo desde meus 10 anos, comecei escrevendo em meu diário nada secreto, sempre compartilhava minhas escritas com quem eu confiava. Aos 13 anos recebi uma cartinha da minha mãe sobre a minha primeira menstruação. Eu lembro de como eu fiquei impactada e de como aquelas palavras me acolheram, me transformaram.

Minha mãe sempre escreveu cartinhas para suas filhas, tenho três irmãs, e as guardo todas comigo até hoje. Tenho memórias vivas da minha mãe escrevendo num canto, quieta. Sua letra grande e redonda era o seu refúgio, sua terapia solitária. Me inspiro nela.

Em 2011, com a chegada da tecnologia mais acessível, criei meu primeiro blog “Idas e Vindas da Minha Vida”. Lá eu escrevia histórias sobre o amor, desabafos, poesias e desencantos da vida. Toda história que eu ouvia, ou vivenciada, ou percebia, virava uma postagem para meu blog. Escrevi nele até 2017, migrando depois para o Instagram. Lá comecei a publicar minhas poesias e textos, sem muito comprometimento profissional. Apesar de ser publicitária e trabalhar com redes sociais, eu não gosto muito de me expor, tenho preguiça.

Hoje, em 2025, criei coragem e resolvi escrever profissionalmente. Mesmo com a perna tremendo de tantas inseguranças já vividas, mesmo que a ansiedade ocupe minha cabeça ou inquiete meu estômago, escolhi me aventurar neste novo projeto, a fim de me aprimorar e jogar para o mundo o meu olhar sobre a vida.

Uma nova “Luísa” nasceu. Que delícia se desconhecer para se reconquistar. Por fim, estou decidida e orgulhosa de mim mesma por ter dado este novo passo.

Mas afinal, quem sou eu?

Acho um alívio eu não ter essa resposta prontamente. Talvez nunca tenha. A incerteza é mais divertida.

Bom, como você pode perceber, eu não sou ninguém importante. Não tenho um sobrenome diferentão, nem quis assumir um nome artístico, não sou de família nobre e não existem escritores em minha família. Se você espera que eu fizesse parte da alta classe, ou que participasse do clã intelectual que domina os termos "literários", desiste. Eu não sou ninguém. Gosto de ser ninguém, me sinto menos presa e mais à vontade para poder expressar aquilo que minha boca não fala.

​Foi preciso tempo, tempo para não me estranhar. Me perdi muitas vezes me encontrando. Meu olhar é navegante. Distraído, ele gosta de passear por aí. Às vezes sem rumo, outras vezes gosta de pousar num lugar seguro, outras vezes prefere uma montanha acolhedora e isolada. Carrego muitas sensações nesse olhar.

E foi através desse olhar, sensível e distraído, que estou encontrando o meu lugar. Acredito que seria prematuro da minha parte dizer que já sei quem sou, soaria até petulante. Ou simplesmente, talvez, eu não goste muito de quem eu sou. Pode ser também. A verdade é que não sei muito ao meu respeito, mas caminho.

Bem, vou gostar de me traduzir e descobrir juntos quem somos nesse mundo cheio de espaço.

Acompanhe!